Serra, Ana Lucia Basbaum
Aluna de Graduação - Departamento de Direito - PUC-Rio
POESIA SEMPRE. Minas Gerais. Número 6. Ano 3 Editor Geral: Marco Lucchesi. Rio de Janeiro: MINISTÉRIO DA CULTURA / Fundação BIBLIOTECA NACIONAL, 1995. 242 p. ISSN 0104-0626 No 09 517 Exemplar na biblioteca de Antonio Miranda
Cartas a uma mão morta
1.
Gota a gota
Sorvo as águas do cálice
Tenho ilhas de dores
Arquipélagos de perdas,
À frente desertos
As costas fracas memórias
Mares lambem as margens destes fatigados olhos
Mares salgam as pétalas da rosa
Amarelo rosa da infância submersa
Despedaçada rosa subterrânea
2.
Num dia, quase noite, me vi acordada demais
Sem acreditar.
As asas estavam quebradas,
As asas estavam quebradas,
Numa noites, quase dia, senti a dor aguda da agulha
Enfiada na carne ingênua.
As pernas estavam inchadas.
Nos rosto complacente da vida
Escondi a melodia fatal.
Hoje, as sombras não surgem
É grande a noite
Nos solhos de coruja.
3.
Adoentada sou em meu delírio.
Débil pirata.
Trituro mágoas com dentes fracos.
Almoço as próprias vísceras.
Padre nosso que estás em tudo,
Bendita seja dor que não encarna!
Tenho dores inchadas pelos severos chicotes.
Padre nostro de cada noite.
Benditas vidas roubastes!
Malditas sinas!
Tua hóstia não me salva.
*
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Página publicada em outubro de 2024
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